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C//SUITE: Empréstimo e perfil de risco: Navegando no mar financeiro

No mês passado, um grande amigo me pediu que fossemos na casa do pai dele, pois eles queriam falar sobre os negócios da família. A empresa da família foi fundada há 38 anos atrás pelo pai do meu amigo, atua no seguimento de locação de máquinas e, hoje, os dois filhos estão atuando em cargos chaves dentro da empresa para, em breve, assumir a operação 100%. As quotas da empresa são majoritariamente do pai do meu amigo e a menor parte é dividida entre os dois filhos, diretamente na pessoa física.

Estávamos falando das expectativas futuras para o negócio, as possibilidades de expansão e os planos de sucessão, quando então questionei sobre a estrutura de capital que financia a empresa.

Perguntei ao pai do meu amigo:

“Em relação ao nível de alavancagem, como está hoje e como foi ao longo dos últimos dez anos? Conseguiram realizar boas operações de empréstimo?”

Ele, então, encheu o peito e respondeu:

“Eu sou conservador, não gosto de assumir riscos, nunca precisei solicitar empréstimo para banco, 100% da empresa foi erguida com capital próprio!”

De bate pronto eu o respondi:

“Desculpa, mas de conservador o senhor não tem absolutamente nada. Considerando a exposição do seu patrimônio pessoal, constituído ao longo de todos estes anos, aos riscos da empresa da família e nunca ter dividido este risco do ponto de vista de estrutura de capital com nenhum agente financiador (sem sócio e sem endividamento) o torna com perfil SUPER AGRESSIVO!”

E, dai em diante, passei a expor as razões, do ponto de vista da diversificação, redução da exposição aos riscos das empresas operacionais, da redução do custo da estrutura de capital (WACC) e, portanto, da geração de valor quando faz a opção de realizar uma  alavancagem planejada.

É muito comum o empresário se declarar de perfil de risco conservador quando questionado as razões dele não tomar crédito/empréstimo no mercado financeiro. No entanto, do ponto de vista de negócio e eficiência na maximização de retorno para os sócios, isto não faz sentido algum!

De fato, mesmo para empresas de maior porte, não é fácil acessar soluções financeiras visando mitigar riscos ou simplesmente tocar o dia-a-dia operacional. A linguagem não é simples, os produtos financeiros ofertados são aparentemente complexos e a cultura não é favorável.

Não é incomum vermos empresas de todos os portes “refém” dos bancos que concedem empréstimos (giro, financiamento etc). Isto dificulta a adequada cultura de rentabilizar o capital de giro (próximo ao custo de oportunidade) e reservas de capital sendo mal remuneradas.

No sistema do capital em que temos, há uma necessidade de se utilizar de soluções financeiras para alavancar as operações, mas, também, para aproveitar taxas de mercado e mitigar os riscos financeiros decorrentes da operação, seja de liquidez, seja de cambio por exemplo.

Para tomar decisões adequadas quanto as melhores soluções financeiras, necessário estabelecer uma adequada governança financeira com diretrizes claras quanto aos objetivos a ser alcançado.

Esta governança que irá direcionar a melhor negociação dos quatro elementos de uma emissão de dívida: volume, taxa, prazo e garantia. Customizar estes elementos é fundamental para estabelecer a melhor estrutura de capital e garantir maior retorno sobre o capital investido e, principalmente, mitigar riscos sobre o patrimônio constituído, garantindo a perenidade do patrimônio familiar.

E a melhor notícia. Estas soluções não estão disponíveis apenas para grandes corporações. O mercado financeiro está adaptado para entregar as melhores soluções financeiras para todos os portes de empresas.

C//SUITE, edição 08, por: Victor Hugo Moreira, especialista financeiro e tributário, Diretor NWGroup Bahia.

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